quinta-feira, 12 de março de 2020

Ouvindo o Silêncio

Em tempos tão barulhentos,
Onde todo mundo diz saber tudo,
Há ainda em alguns templos,
Sacerdotes do aprender Mudo.

Recantos onde livros ainda falam,
E é preciso calma para ouvi-lo,
Pessoas que então se dedicaram,
Para o conhecer não ser perdido.

Em meio a um amontoado,
Entre símbolos e letras,
Mas tudo muito organizado,
Em prateleiras, estantes, gavetas.

Há quem digo que é passado,
Que o mundo há de ser digital,
Mas na leitura do que foi grafado,
Lá há muito mais que um portal.

Todo conhecimento listado,
Além de estórias e ficção,
Nos livro vive e é guardado
Seguindo de geração em geração.

As vezes é preciso lembrar,
Que há pessoas que se dedicam,
A manter tudo em seu lugar,
E permitir bons usos que edificam.

Silencio quando ouvires um livro,
Seu canto e tão belo qual canário,
Mas só poderá tal canto ser ouvido,
Graças ao trabalho de um Bibliotecário. 

12/03/2020



quarta-feira, 11 de março de 2020

A Falta que Faz Falta

Falta aquela atitude,
Que deveria ser tomada,
A falta faz falta e ilude,
Disseram que falta faz nada.

Falta um pouquinho assim,
Pro mundo viver melhor,
Faz falta esse pouquinho sim,
E há tanta gente na pior.

Faz falta o arroz e feijão,
Faz falta o bom senso na fala,
Mais falta faz ainda o perdão,
E falta faz o que for perdoada.

Faltam milhões pra ser rico,
Falta um pouco sabedoria,
Faz falta força ao físico,
Aguentar peso na consciência.

Falta faz a tolerância,
O intolerante comete falta,
Falta o respeito em constância,
Quando se tira o outro da pauta 

Quem é o de São pensamento,
Que pode ser santo considerado,
Pra julgar a falta sem o tormento,
Do risco de acabar sendo apedrejado.

Atire a primeira pedra então,
Aquele que falta não cometeu,
Faz falta fazer uma auto avaliação.
A duvida é a maior certeza da falta.

11/03/2020



Motoqueiros Fantasmas

Sobre rodas alegam a liberdade,
Andando pelas ruas e estradas,
São anônimos em sua insanidade,
Estacionados pelo cantos e calçadas.

Alguns como o rock seguem o rumo,
Viajam o mundo em grupos numa turnê,
Outros ainda seguem sem um prumo,
Acelerando na procura do que não se vê.

Entregadores na busca de seu sustento,
Cachorros loucos o trânsito costurando,
Seguem a vida a seu jeito e a contento,
O melhor caminho sempre vão buscando.

Sem medo mesmos quando caem,
Levantam se curam e volta as ruas,
De suas almas o suor eles extraem,
E dão seu sangue meio a sóis ou luas.

Cavaleiros sem um nome,
E sem um cavalo exatamente,
Montam suas motos fugindo a fome,
Ou por querer manter ativa a mente.

Fantasmas de um passado,
Forjados nas variadas lembranças,
Cada um com seu pacto criado,
Em busca de sonhos qual crianças.

Tantos motivos fazem o destino,
Que muitos sem nome descem ladeiras,
Nem todos cantarão o mesmo hino,
Serão todos Motoqueiros e Motoqueiras.

11/03/2020


Mundo Doente

Enquanto um vírus apavora,
Poucos se lembram do outro,
Quarentena mundo afora,
Se isolando o mundo está, louco.

Como se fossem todos reis,
Decretam distancia dos demais,
Fingem cegueira, fogem as leis,
Escondendo-se em falsa Paz.

Não é apenas uma infecção,
Poderia ser maior que Pandemia.
Este mal que consome o coração,
E deixa qualquer pessoa mais fria.

Nas ruas há corpos vivos,
Que desistiram de ser sociais,
Morando as margens dos ricos,
Vivendo das sobras mais banais.

E tomam conta novos conceitos,
De uma aclamada meritocracia,
Que rótula aos grandes os feitos,
E quem não se iguala se desvia.

Realmente Renato Russo,
"Vivemos em um mundo doente,"
E até quem tenta chorar de bruços,
Já e tratado como só um Demente.

Quem dera se percebesse que a cura,
Só pode ser recebida pela ajuda,
Não dá pra curar a própria loucura,
Enquanto só se olha a morta arruda.

11/03/2011