terça-feira, 30 de setembro de 2014

Por um fio

Por um fio, a vida passa,
E pela tela sem cortina,
O teatro, o som, a praça,
Quase nem mais se ilumina.

Já não vejo,
Nesse vazio,
Abraço e beijo,
Em texto sem fio.

Por um fio,
De fones de ouvidos,
Passa o frio,
E sonhos perdidos.

Por um fio os sentimentos,
Triste, alegre, amor musical,
Tanto faz, não há momentos,
Nem sei se estás bem ou mal.

Já não te ouço,
Nestes tormentos,
Num calabouço,
De desatentos.

Por um fio,
De fones de ouvidos,
Passa o frio,
E sonhos perdidos.

E por um fio eu sinto o futuro,
Me toca o medo deste tema,
Por um fio esquecer de tudo,
No meu fone assisto ao cinema.

Falar sozinho,
Para uma multidão,
Sentir vazio,
Em Meio a um milhão.


Por um fio,
De fones de ouvidos,
Passa o frio,
E sonhos perdidos.


30/09/2014



segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Quimera das flores

Este monstro colorido,
Fantasia de misturas,
Machucando os olhos e ouvido,
De quem alegria não atura,

Dos pessimistas o terror,
O rebrotar escondido,
Que o concreto sem amor,
Até pensava ter morrido.

De repente como magia,
Rebrota de parques e praças,
Como verso em harmonia,
Invade as ruas e casas.

Uma lenda de verdade,
Embora alguns não a vejam,
Primavera há nas cidades,
Aos que os verdes desejam.

Nos prédios brotam girassóis,
Em vasos azaleias, violetas,
Pelas janelas florindo, Kalanchoes,
Atraindo pássaros e borboletas.

A doçura da estação,
Atrai até as abelhas,
Sol aquece o coração,
Com a vida, flores centelhas.

E se faltar colorido,
Ou acha ainda, ser Quimera,
Abra os olhos e os ouvidos,
E ouça a voz da Mãe Terra.

22/09/2014


quinta-feira, 18 de setembro de 2014

De Marte

Levanta os olhos,
Vermelhos do sono, cansaço,
Junta os espólios,
Nervos que não são de aço.

Ou seriam talvez?
Nem sei, nada sei,
Muito tudo, outra vez,
Sem Coroa, ser, meu rei.

Meu decreto mais severo,
Siga! A mente viaja,
Amanhã vai ser melhor espero,
Nem quero preta tarja.

A realidade assusta,
Mas serei eu, mais forte,
Tenho a luz, nessa luta,
Na terra, guerreiro de Marte.

Não marque, serei apenas fatos,
Só sei, que nada sei,
Meu nada, meu tudo em barcos,
Navego entre egos e aprenderei.

Pobre é o que acha ter tudo,
Eu coleciono cometas.
Às vezes tímido e mudo,
A mente ouve as trombetas.

Tropeço e a queda faz parte,
O todo é feito de Instante,
Prazer, Guerreiro de Marte,
Amigos me chamam pelo nome.


18/09/2014


domingo, 14 de setembro de 2014

Um Sarau no Parque

Será que sara essa ferida,
Sarau de dores em palavras,
Serão loucuras as vidas?
Tão secas estas frases molhadas.

Em quem sentiu, quem sofreu,
Em que rumo isso vai dar,
Quem são eles, quem sou eu,
Que ar é esse a respirar.

Essa tal de inspiração,
Esse resfriado da mente,
Esse espirro do coração,
Esse louco grito indecente.

A poesia não tem status,
Ela ataca a quem pensa,
Vai das metrópoles aos matos,
Vem das esquinas à imprensa.

Poetas são todos loucos,
Românticos de amor por si,
Presos a muito e a poucos,
Amantes de lá, de cá e de aqui.

Sara então essa ferida,
A cicatriz não se apaga.
Mata o medo, viva a Vida,
Deixa essa mão que afaga.

Que passa, que fica, que vai,
E tanto humor, tão genial,
Deixa sair esta voz que é de Pai,
Passar, inspirar, filhos do Sarau.

14/09/2014


quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Inerente

Independente do que desejas,
E não se adere a herança, 
Não é coisa que Almejas, 
Tampouco traz boa lembrança. 

De louco e de poeta 
Todo o ser terá um pouco 
Entre dois pontos a reta, 
Do pensamento mais louco. 

Loucura sera ver perfeição,
Onde habita humano ser, 
Foge a compreensão. 

Capaz, és tu de querer, de Fazer 
Insatisfeitos, ver não sabemos,
Tudo a volta gera possibilidade, 
Mas a realidade distorcemos, 

Querendo criar perfeita irrealidade. 

"Ser ou não ser..." 
Louca questão, 
Quem responder. 
Tomará a decisão. 

Expulso do Paraíso,
Do suor farás teu sustento, 
A loucura é teu sorriso, 
Buscarás perfeito alento. 

Ciente do bem e do mal,
Por querer se igualar a um Deus 
Tens nas mãos poder igual, 
Pra construir o Futuro ao seus.

03/09/2014


terça-feira, 2 de setembro de 2014

Sem saber

A Grandeza da vida,
Está nas coisas Pequenas,
Este contraste, querida,
Da inocência que condena.

Voar com os pés no chão,
Desejar sem poder ter,
Agir com o coração,
Mas dominar com vil poder.

Eu já nem sei,
Se sinto frio ou calor,
Eu já pensei,
Já nem sei o que é Amor.

O destino é sem rumo,
Pequena confusão.
Sou culpado se assumo
Inocente é o coração.

Buscar sem encontrar,
Ter coragem contra o medo,
Sorrir pra não chorar,
Não guardar de si segredos.

Eu já nem sei,
Se sinto frio ou calor,
Eu já pensei,
Já nem sei o que é Amor.

Prometi não mais amar,
Me apaixonei por mim,
Não quero me enganar,
Mas o amor é assim.

Amamos sem querer,
Quando há admiração,
Um amor, é amigo ser,
Faz bem ao coração.

Eu já nem sei,
Se sinto frio ou calor,
Eu já pensei,
Já nem sei o que é Amor.

Eu só sei,
Que é dúvida, a certeza,
Que as vezes nada sei,
E há certezas na Incerteza.

02/09/2020